25/03/2009

PATRONA DA EMEB “DONA SINHAZINHA”

PROFESSORA GUILHERMINA JANUÁRIO DOS SANTOS - “DONA SINHAZINHA”


Dona Sinhazinha, cujo nome completo é GUILHERMINA JANUÁRIO DOS SANTOS, nasceu em Mogi Mirim, aos 08 de Agosto de 1866, e a terra que lhe deu o berço, deu-lhe também o túmulo, em 26 de Julho de 1954.

Foram seus pais o Dr. Francisco Alves dos Santos e dona Maria Januário da Cunha Santos, ele politicamente militante, dominou por muito tempo a situação local nos tempos agitados de eleições barulhentas, ela, pessoa bondosa e caritativa, angariou respeito e estima da sociedade que ornou no exercício do bem e da caridade.

Com essa herança de elevada tradição espiritual plasmou-se o caráter moral da filha Dona Sinhazinha, que viria a ser professora competente e compreensiva a conduzir com perseverança abnegada a população estadual de sua época.

Dona Sinhazinha iniciou seus estudos primários no colégio Santa Cruz de Mogi Mirim, dirigido por Dona Arlinda Barata Ribeiro, e os concluiu em São Paulo, no colégio de Dona Rita Leopoldina da Silva. Na antiga Escola Normal da Rua do Carmo em São Paulo, diplomou-se professora.
Em 1888 iniciou o magistério no Colégio Americano de Mogi Mirim. A seguir, ingressou no magistério público, regendo a terceira Escola de Itatiba.

Por decreto de 13 de janeiro de 1900, foi criado o Grupo Escolar “Coronel Venâncio” e em 10 de fevereiro do mesmo ano, Dona Sinhazinha foi nomeada adjunta, com exercício nesse estabelecimento de ensino primário, o primeiro Grupo Escolar instalado em nossa terra, em que se anexaram as 7 escolas públicas existentes no Município. Depois de 32 anos consecutivos, de exemplar e proveitosa dedicação à instrução pública, aposentou-se Dona Sinhazinha, em 16 de junho de 1920.

Com eficiente cooperação de Dona Sinhazinha, auxiliada pelas senhoras Mariana Rodrigues do Prado, Ubaldina da Cunha Luz e Maria Carolina de Almeida, foi possível ao Monsenhor Moisés Nora conseguir a criação do Colégio Imaculada Conceição de Mogi Mirim, que se instalou em 17 de março de 1912.

Dona Sinhazinha, a pregadora do ensino primário, tornou-se a pioneira do ensino secundário entre nós, contribuindo com seu calor, esforço e clarividência para o estabelecimento da Primeira Escola Normal de nossa cidade. Foi ela mesma que recebeu carinhosamente as primeiras religiosas “Filhas de Jesus” procedentes da Espanha, acompanhando-as, confortando-as nos primeiros e difíceis contatos que, como estrangeiras, encontraram no meio diferente de língua diversa em que passariam a viver.

Foi ela a primeira professora de português não só das primeiras madres recém-chegadas como também das alunas do Colégio de 1913 a 1928.

Enquanto lecionou no Colégio ela era quem organizava horários, banca de exames, festas, e se responsabilizava pelos discursos como também pela correção de cartas de alunas internas.
De alma nobre, coração generoso e bem formado, inteligência lúcida, temperamento alegre, tudo fazia para mitigar o desejo insopitável de instruir e educar a criançada e a juventude, o encanto de sua profícua existência. Burilado seu espírito no adestramento da expressão oral e gráfica do pensamento, contagiava a mocidade, que ao seu contato, se rivalizava na competição do saber. Por seu trabalho no Colégio afã de transmitir a outrem os conhecimentos humanos em troca da satisfação do dever cumprido.

Para grande contentamento das religiosas, passou a residir no Colégio Imaculada até que, para fazer companhia a Dona Izabel da Costa Ferreira (Dona Aninha), a colega leiga, amiga inseparável de todos os tempos, mudou-se para uma casa na rua Voluntário Chiquito Venâncio em que, juntas, viveram até a morte, isoladas e esquecidas das gerações que tanto se beneficiaram ao calor salutar de sua assistência moral e cultural; viveram, porém, o bastante para receberem por fim, no salão de festas do Grupo Escolar “Coronel Venâncio”, no dia 09 de junho de 1946, justa e merecida homenagem do corpo docente e discente do estabelecimento de ensino no qual por muitos anos exerceram o magistério. A essa festa de merecimento e gratidão compareceu, alegre e agradecido, o povo que elas ajudaram a crescer e progredir. Nessa oportunidade, contava Dona Sinhazinha com 80 anos de idade, e Dona Aninha, 91. A homenagem constou da inauguração de placas com seus nomes nas salas de aula em que lecionaram, assim como da colocação de seus retratos no estabelecimento.

Tornaram-se, pois, patronas das salas de aulas em que, como mestras missionárias, pontificaram no passado a fim de que as lembranças expressivas de suas imagens venham a ser luzes dirigentes no caminho palmilhado pelas novas linhagens de professores primários, genuínos sustentáculos colunares da estruturação da cultura de um povo.

Ao morrer, deixou Dona Sinhazinha aos pastores, legado imperecível de grandeza moral, de desprendimento e de renúncia a enriquecer o patrimônio espiritual da nacionalidade. As religiosas do Colégio Imaculada, exigiram que seu corpo repousasse em sua capela, antes de sepultamento, como carinhosa e última homenagem das beneficiadas a sua grande e dedicada amiga, que desaparecia de seu convívio, mas continuava viva para sempre em seus corações reconhecidos.

Finalmente, por iniciativa acertada do Deputado Nagib Chaib, teve Dona Sinhazinha, como homenagem póstuma, o seu nome ligado para sempre ao Terceiro Grupo Escolar de Mogi Mirim.